E chegamos ao
Sopro 50! Nesse número, r
esenho o livro La comunidad de los espectros. I. Antropotecnia, do filósofo argentino Fabián Ludueña Romandini. Pra quem se interessa por bio(zoo)política, pela relação homem-animal, pelas raízes cristãs do atual descalabro ambiental, e pela importância das imagens na liturgia política ocidental, a leitura do livro de Ludueña é indispensável; a resenha que escrevi, apesar de longa, não dá conta da riqueza crítica, da agudeza e da disposição para o debate contidos na obra e no pensamento do seu autor. Estamos preparando a tradução do livro para publicar em 2012 pela
editora Cultura e Barbárie. Para quem se interessar e não quiser esperar, é possível comprar o livro online, no site da
Mino y Dávila editores. Seguindo a minha resenha, publicamos
uma bela resposta de Ludueña a ela, que é, acima de tudo, uma carta aberta ao diálogo com os leitores do Sopro, e com o público brasileiro em geral.
Em tempo: o Sopro já publicou uma
resenha de outro livro de Ludueña, Homo oeconomicus. Além disso, cabe ressaltar (o que já fiz na resenha), a proximidade do pensamento do filósofo argentino com o de Emanuele Coccia, seu maior interlocutor. De Coccia, o Sopro publicou um verbete,
Caráter, e, sobre ele,
a resenha de seu livro A vida sensível, livro
publicado pela primeira vez em português, pela editora Cultura e Barbárie.
A renovação em curso do pensamento, ainda que abafada pelas repetições acríticas de conceitos de Agamben, Nancy, Negri, Sloterdijk, etc., que Ludueña, Coccia e toda uma nova geração de filósofos está levando a cabo, não é, em bom português, pouca coisa. Não se trata mais de acabar com a metafísica, projeto antigo e destinado ao fracasso, mas, ao contrario, reabilitá-la para compreender e ajudar a nos livrar, enfim, deste fantasma chamado de teologia, ou filosofia messiânica, que ainda hoje (talvez mais do que nunca) nos assola com suas ilusões salvacionistas. Para citar Araripe Jr.: "são de pedra os monstros, que fazem esgares das torres da velha cathedral e não obstante assustam os desprecavidos que ali penetram". Ainda somos esse desprecavidos. Mas, talvez, não por muito tempo.
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