Florianópolis ganha definitivamente um atestado de província com a notícia das cidades sede escolhidas para a Copa de 2014. Pesou para a comissão a mobilidade urbana e o transporte público na Capital de Santa Catarina, tidos como dos piores do país. As autoridades se dizem chocadas. Não têm eles razão? Afinal era tão fácil ajeitar a cidade: basta arrumar uma ponte centenária, construir uma nova Beira-mar, abrir um túnel debaixo d'água, fazer um metrô, rever os acessos à BR-101, construir um estádio novinho no meio de um aglomerado urbano (para isso só tinham que desapropriar metade de um bairro), fazer um acesso decente ao Aeroporto... Ah, me esquecia: teria que só construir um novo aeroporto. Sem dúvida veremos antes de 2014 o Amin tomando banho na Beira-mar Norte e o Luís Henrique passando na ponte. Nessa história toda, o transporte coletivo nunca foi posto em questão, ainda mais agora nas proximidades da revisão dos contratos.
Não que eu não desejasse uma Copa em Florianópolis, ainda que fosse para ter um jogo de Camarões contra Equador. Mas não basta para isso fazer grandes planos na última hora. A cidade NUNCA foi levada à sério pelas suas elites decadentes (mas ainda com força nas instituições). Não seria hoje que isso seria possível. Não basta contratar com um ou outro mafioso pra trazer Bolshoi ou complexo turístico estilo mini-Dubai ao lado da BR (vide Ganchos: agora que na Espanha esses investidores já foram presos). E nem pagar uma ou outra folha da veja para elogiar a cidade... E o que mais irrita é que o transporte coletivo, a solução mais simples e mais urgente, nunca foi colocada a sério, aliás nem vai porque é muito estranha a enorme quantidade de subsídios que se pagam a esse sistema deficiente (aí tem...). Ainda têm a cara de pau de dizer na propaganda que a cidade tem o melhor transporte urbano. Quanto a cidade não perdeu de investimentos de verdade por causa dessa cambada? Por fim, com o resultado da divulgação a cidade somente teve o que sempre mereceu: um atestado de província.