O que aconteceu no dia 31 de outubro

| | Comentários (17)
No dia 31 de outubro, elegemos (o povo brasileiro como um todo, pois, ao que eu saiba, nossa democracia não possui colégios eleitorais ou outros mecanismos aristocráticos que uma certa "democracia" quer espalhar à força mundo afora) a primeira presidenta desse país. Pode não ser o/a presidente dos nossos sonhos, mas é - desculpem a repetição - a primeira presidenta desse país, o que já é muito. Além disso, deixamos de eleger o presidente de nossos pesadelos, o presidente dos Bornhausen, dos ruralistas, dos escravocratas. No primeiro turno, votei na Marina Silva, e até preferia ter votado em outra/o candidata/o petista no segundo (Marta Suplicy e Tarso Genro, por exemplo). E estou ciente de que Dilma será a presidenta de alguns pseudo-Bornhausen, de ruralistas e mesmo de escravocratas (vide a aliança de Mercadante com setores canavieiros de São Paulo). O discurso da vitória de Dilma já deixou bem claro qual será a tônica e a prioridade do governo: indicadores econômicos e distribuição de renda, sendo que educação e meio-ambiente continuarão a ser semi-perfurmaria, ainda que em um eventual governo serrista se limitassem a cores de gravatas. Todavia, ontem dissemos, para usar a expressão de Brizola, um "não rotundo" ao seqüestro da cidadania que o demo-tucanismo promove, dissemos um "não rotundo" ao que há de pior no país e ao que impede a efetivação da política. No dia 31 de outubro, optamos por continuar expandindo nossa democracia. No dia 31 de outubro, votamos pra que o discurso conservador que dominou o segundo turno pudesse sofrer um efeito bumerangue. No dia 31 de outubro, elegemos Dilma para que no dia primeiro de novembro - hoje - pudessemos continuar fazendo o que devemos fazer todos os dias: criticar, pressionar, imaginar, em suma, fazer política.   

17 Comentários

Lamento, mas continuo achando que foi uma irresponsabilidade absurda gente como você ter votado na Marina. Você sabe que ela não ganharia e, pior, mesmo que ganhasse não teria como governar.

Espero que você e todos q votaram como você votou façam uma reflexão para ver em buraco vocês quase nos meteram.

A marina vai ter que mudar MUITO se quiser um dia merecer o meu respeito novamente. No momento ela tá ali, quase do lado do gabeira na galeria de pessoas que me decepcionaram profundamente.


Assino em baixo aiaiai. Mas vamos construindo uma civilização assim mesmo, aos trancos e barrancos.


É isso aí...fazendo política. Além daquilo que é dado para nós!

É impressionante o sectarismo de certos setores de esquerda. Um nós contra eles míope...E depois tem gente que aparece com críticas absurdas contra o PT e eles ficam se perguntando o porquê...


Bom, não acho que Marina seja madura o bastante para governar, e nem tampouco será na proxima eleição.
Mas não julgo quem votou nela, visto que seria uma saída para muitos dogmas estabelecidos pelo governo petista e não psdebista. Portanto, vejo que quem votou nela, tinha um pouco de esperança.
Agora, temos de comemorar, não pelo bom presidente que elegemos, mas sim por não eleger um presidente (como dito pelo nosso autor) dos Bornhausen, dos ruralistas, dos escravocratas e digo até mais, que tem coligações com partidos de ideais monarquistas e bem a fundo ditatoriais.
Parabeéns povo brasileiro, por pelo menos não ter permitido que esta escória entrasse no poder !


A aiaiai está ótima. Concordo e não adianta o Alexandre ficar se explicando. Apoiou a ecocapitalista financiada pela Natura e seus roubos dos conhecimentos indígenas, agora patenteados em seu nome. A marina é isso: traíra.


Acabo de ler no Maria Fro - o que corrobora o que escrevi acima. Mas explicar como, Alexandre?

" Setores conhecidos por agredir meio ambiente doam valores expressivos à campanha de Marina

Por: Débora Zampier, da Agência Brasil

02/11/2010

Brasília – Empresas de segmentos conhecidos por agredir o meio ambiente, como metalurgia, mineração, papel e celulose, fertilizantes e cana-de-açúcar, foram responsáveis pela doação de um montante expressivo da campanha da candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República nas eleições deste ano, Marina Silva: cerca de R$ 3 milhões. O valor corresponde a 12,5% do total arrecadado – R$ 24,1 milhões.

Só na área de mineração e metalurgia, arrecadou-se quase R$ 1 milhão. A Companhia Brasileira de Siderurgia e Mineração contribuiu com R$ 300 mil; a Companhia Metalúrgica Prada, com R$ 150 mil; e a Urucum Mineradora, com R$ 500 mil. No ramo de fertilizantes, as doações foram da Fosfértil (R$ 600 mil) e da Bunge Fertilizantes (R$ 100 mil).

No ramo de papel e celulose, a Suzano contribuiu com R$ 532 mil e a Klabin com R$ 250 mil. A Cooperativa de Produtores de Cana de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) doou R$ 250 mil e a Cosan, uma das maiores produtoras mundiais de cana-de-açúcar, também doou R$ 250 mil.

O principal segmento que doou para a campanha de Marina foi o da construção, que sozinho respondeu por mais de R$ 3 milhões. As contribuições foram da Andrade Gutierrez (R$ 1,1 milhões), Camargo Correa (R$ 1 milhão) e Construcap (R$ 1 milhão).

O segmento bancário também foi expressivo na arrecadação, responsável por quase R$ 3 milhões. O maior doador foi o Banco Alvorada (empresa que doou o maior montante da campanha), com R$ 1,7 milhões, seguido pelo Itaú Unibanco, com R$ 1 milhão, Banco Safra, com R$ 200 mil, e Banco Rodobens, com R$ 50 mil."


Karise: v. pode ter razão, é possível que não tenha chegado a hora - como a hora de Lula e do PT não era em 1989. Mas a gente vota pensando também no longo prazo. Agradeço muito pelo teu comentário e também pelo do Raphael.

Quanto aos outros comentários: fog, aiaiai e josaphat: fiquem à vontade pra me trollar e falar do Zequinha, do avião, da Natura, também nesse post do Idelber, lá vocês tem a companhia do Hildermes. Aqui vocês serão ignorados.


gente maluca. era só o que faltava.


gente maluca. era só o que faltava.


Desculpe o tema fora da pauta, mas acompanho o blogue e suas opiniões sobre censura. Você poderia opinar sobre a sugestão recebida (e aprovada) pelo CNE de vetar a distribuição nas escolas do livro Caçadas de Pedrinho, do Monteiro Lobato?


A terceira via me pegou de jeito na reeleição de Lula. A pauta do Cristovam era, para mim, uma urgência que, assim como a questão da ecologia, freiaria a lógica absurda do desenvolvimento econômico voltando os olhos para o ser-humano - além de fornece-lhes cidadania. E, como você já disse aqui, chegávamos a uma fadiga que começara com Lula abandonando seus projetos culminando no "escândalo" do mesalão.

Nestas eleições, o governo Lula me pareceu consistente no "conjunto da obra" e boa parte da mentirada da imprensa ficou mais nítida. Confesso que por questões pragmáticas - eu já julgava fato dado a bipartição da política brasileira em PSDB/PT - não dei atenção à terceira via.

É óbvio que, como disse Idelber, quando tem gente como você e Viveiros de Castro falando algo, é bom ficar esperto. De qualquer forma, o primeiro turno mostrou não somente a possibilidade efetiva da terceira via - o que faz a democracia aqui respirar ainda mais- como a idependência de Marina pode ser um freio a um futuro aecismo. Além disso, Dilma e o PT agora governam pisando em ovos, com todo cuidado para não repetir toda a cagada que a gente viu: além de colocar na agenda as questões requisitadas pela Marina, já que se não o fizer, a moça vem em 2014 com bala na agulha. Você não acha?

ps: desculpe o tom meio pessoal e o tamanho do cometário, eu não entendo muito de política embora goste bastante e esteja sempre por aqui, Biscoito, etc...
abraço!

João


ps 2: não quis de forma alguma criticar seu voto ou qualquer coisa do tipo, pelo contrário; só instigar o debate partindo do momento presente.


Caro João Guilherme: não há porque se desculpar ou se explicar. Colocações inteligentes, críticas a meus posicionamentos ou textos são sempre bem vindos. Só não tolero gente que levanta a toda hora o assunto do avião da Natura ou do fato do Zequinha Sarney ser do PV, ou se acha o máximo citando Plínio (aquele que acha que cassetetes unem a esquerda) pra chamar a Marina de "ecocapitalista" - ou seja, não tolero a trollagem estilo Veja com sinal invertido. O meu voto na Marina não foi primordialmente pela "corrupção" ou "pragmatismo" do PT (aliás, nunca entendi como alguém que tem como um dos principais aliados o Diabo maranhense reclamar que Marina tem apoio do filho desse diabo), mas pela agenda do partido (que, aliás, levou a tal pragmatismo, e não o contrário - e é isso que certos petistas ainda não entenderam).

Concordo com o que v. coloca: acho o governo de Lula um ótimo governo, mas com limitações, e essas limitações apareceram com a não-vitória de Dilma no primeiro turno; e, por isso, de fato, o segundo turno foi importante, pra que o governo percebesse o peso da agenda ambiental, da figura de Marina Silva, da necessidade de diálogo com figuras que tinham sido postas de lado, da necessidade da militância (que reapareceu), etc. Só discordo quanto ao que v. diz do Cristóvam: pra mim, a candidatura dele em 2006, sim, era uma abstração. Marina com o mesmo tempo de TV, e quase tão pouca estrutura, conseguiu elaborar um plano de governo multi-facetário, passar um discurso não mono-temático, etc. Dito isso, não tenho críticas a quem votou em Cristóvam ou HH em 2006: a gente não vota só em alguém ou em suas propostas, o voto também é de protesto (pode-se discutir a consciência desse protesto, mas o fato é que, mesmo entre eleitores de Serra, há muitos votos que são de protesto a aspectos do governo de Lula ou mesmo da escolha de Dilma).

Um abraço e volte sempre, o diálogo com v. é sempre frutífero e instigante.


Larissa: esse veto é um absurdo. Mas o mais problemático é que não se trata de uma ação isolada. Censuras do tipo têm se tornado recorrentes. Em uma pequena entrevista que dei ao jornal literário urtiga (a entrevista pode ser acessada clicando aqui), dei minha opinião sobre um caso parecido: o veto, em um livro escolar, de uma gravura histórica que retratava um empalamento.

Abraço


Interessante isto de me tornar troll e ser ignorado. Acho que você, quando assim responde, como disse a presidente Dilma, tergiversa. Você pode até acreditar que sua intuição esta correta e que, um dia, vamos eleger Marina Silva presidente do Brasil para o bem do planeta. É o seu direito, quanto ainda mais é seu o blog. Eu respeito, ora. Mas querer que eu acredite que você tinha a bola de cristal que garantia que o seu voto insensato contribuiria como um importante aviso da nação consciente aos descaminhos e burrices do governo Lula, e que essa bola te dava a certeza de que, no segundo turno, a vitória da esquerda (ou centro-esquerda, seja lá) seria inevitável, é muito, meu chapa. Essa história de voto-aviso foi uma loucura e o que nos salvou foi a sanidade do povo. Graças a Deus. Mesmo que ele não exista. Queria ver o seu discurso se Serra tivesse levado. Mas não fique com raiva de mim não. É só uma crítica à insensatez humana. Todos o somos afinal. E desculpe a trollagem.


Gente, no caso Monteiro Lobato lembrem-se que o MEC não vetou nada; como parecer às considerações do CNE sobre as indicações do pesquisador, apenas alertou para a necessidade de contextualização e professores preparados para discutir o assunto.


Clara: obrigado pelo esclarecimento. Falei sem muito conhecimento de causa. Nada contra contextualização e preparação dos professores, aliás, deveria ser a regra para todos os textos.

Abraço


Página Principal

"Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado
em todas as línguas"

Alexandre Nodari

é doutorando em Teoria Literária (no CPGL/UFSC), sob a orientação de Raúl Antelo; bolsista do CNPq. Desenvolve pesquisa sobre o conceito de censura.
Editor do
SOPRO.

Currículo Lattes







Alguns textos

"a posse contra a propriedade" (dissertação de mestrado)

O pensamento do fim
(Em: O comum e a experiência da linguagem)

O perjúrio absoluto
(Sobre a universalidade da Antropofagia)

"o Brasil é um grilo de seis milhões de quilômetros talhado em Tordesilhas":
notas sobre o Direito Antropofágico

A censura já não precisa mais de si mesma:
entrevista ao jornal literário urtiga!

Grilar o improfanável:
o estado de exceção e a poética antropofágica

"Modernismo obnubilado:
Araripe Jr. precursor da Antropofagia

O que as datilógrafas liam enquanto seus escrivães escreviam
a História da Filha do Rei, de Oswald de Andrade

Um antropófago em Hollywood:
Oswald espectador de Valentino

Bartleby e a paixão da apatia

O que é um bandido?
(Sobre o plebiscito do desarmamento)

A alegria da decepção
(Resenha de A prova dos nove)

...nada é acidental
(Resenha de quando todos os acidentes acontecem)

Entrevista com Raúl Antelo


Work-in-progress

O que é o terror?

A invenção do inimigo:
terrorismo e democracia

Censura, um paradigma

Perjúrio: o seqüestro dos significantes na teoria da ação comunicativa

Para além dos direitos autorais

Arte, política e censura

Censura, arte e política

Catão e Platão:
poetas, filósofos, censores






Bibliotecas livres:



Visito:



Comentários recentes

  • Alexandre Nodari comentou no post O que aconteceu no dia 31 de outubro: Clara: obrigado pelo esclarecimento. Falei sem muito conhecimento de causa. Nada contra contextualização e preparação dos professores, aliás, deveria ser a regra para todos os textos. Abraço
  • Clara comentou no post O que aconteceu no dia 31 de outubro: Gente, no caso Monteiro Lobato lembrem-se que o MEC não vetou nada; como parecer às considerações do CNE sobre as indicações do pesquisador, apenas alertou para a necessidade de contextualização e professores preparados para discutir o assunto.
  • josaphat comentou no post O que aconteceu no dia 31 de outubro: Interessante isto de me tornar troll e ser ignorado. Acho que você, quando assim responde, como disse a presidente Dilma, tergiversa. Você pode até acreditar que sua intuição esta correta e que, um dia, vamos eleger Marina Silva presidente do Brasil para o bem do planeta. É o seu direito, quanto ainda mais é seu o blog. Eu respeito, ora. Mas querer
  • Alexandre Nodari comentou no post O que aconteceu no dia 31 de outubro: Larissa: esse veto é um absurdo. Mas o mais problemático é que não se trata de uma ação isolada. Censuras do tipo têm se tornado recorrentes. Em uma pequena entrevista que dei ao jornal literário urtiga (a entrevista pode ser acessada clicando aqui), dei minha opinião sobre um caso parecido: o veto, em um livro escolar, de uma gravura histórica que








Site Meter



Movable Type

Powered by Movable Type 4.1