De 25 a 29 de outubro, no Auditório do Fórum Norte da Ilha (UFSC - Florianópolis), acontece o Seminário Direito e Ditadura (o site do evento é um dos sites mais bonitos de eventos acadêmicos que já vi), organizado pelo PET do Direito da UFSC. O evento será excelente, com gente boa vinda de todo o país; uma oportunidade excelente para fazermos algo que pouco se faz nesse país: debatermos a nossa mais recente ditadura militar, seus antecedentes, suas conseqüências, seu modus operandi. A programação definitiva já está disponível. É difícil destacar alguma coisa. Já a conferência de abertura, na segunda, dia 25, é muito boa: será feita por Carlos Fico, que destrinchou muitos arquivos. Na terça, 26, de manhã, fala Beatriz Kushnir, que escreveu Cães de Guarda, livro em que relata a participação do grupo da Folha na ditadura. Também terça, mas à noite, o Pádua Fernandes falará sobre a atuação de alguns juristas no regime militar, a partir da pesquisa de arquivo que faz no DEOPS de São Paulo. Na quarta à tarde, estarei numa mesa junto com Flávia Cera e o Murilo Duarte Costa Corrêa, e à noite, Vladimir Safatle falará sobre "O direito à violência como base da democracia". Na quinta, os destaques vão para a fala de Raúl Antelo (sobre "Consciência e estratégia", que contraporá as leituras de Roberto Schwarz e Ernesto Laclau sobre o fenômeno ditatorial na América Latina), pela manhã e para a de Flávia Piovesan. Por fim, na sexta, além do encerramento com Marcelo Ridenti, o escritor Salim Miguel falará pela manhã. Salim, além de bom escritor, tem muito a contar sobre a ditadura. Foi preso logo após o golpe de 64, e a livraria que levava informalmente seu nome foi fechada e teve seus livros queimados. Quando eu estava na graduação e editava, junto a colegas, a revista RECRIE, entrevistamos Salim para o primeiro número, em que ele relata essas histórias.
Além de tudo isso, haverá também 15 mesas de comunicações na terça e quarta à tarde. Vieram mais de 70 trabalhos de todas as regiões do país, o que comprova a importância e a relevância do evento. A lista com as mesas de comunicações, que foram organizadas tematicamente, está disponível aqui. Quatro delas são dedicadas à Justiça de Transição, que tratarão os fundamentos teóricos das comissões de verdade e memória, que compararão a experiência brasileira com as de outros países, que abordarão a correlação de forças envolvidas na disputa pela anistia (focando o recente caso do PNDH-3), etc. Haverá também uma mesa sobre a persistência da tortura na democracia, uma sobre Literatura e Ditadura, e muitas outras. De minha parte, coordenarei uma mesa chamada "A exceção que se excede na normalidade: restos da ditadura", em que a perniciosa permanência da exceção na democracia será discutida. Falarão na mesa, entre outros, Leonardo D'Ávila, e Victor Cândido, que apresentará um trabalho, que estou ansioso para ouvir, sobre como a Lei do Ficha-Limpa reorganiza "democraticamente" não só um topos legitimador da ditadura, a corrupção, mas também uma prática, o controle da escolha. Todos sabemos que quando se abre a porteira, não dá pra controlar os bois. E a recente proposta de estender o Ficha-Limpa a outras atividades da vida pública dota o trabalho de Victor de mais relevância. Entender o que está, de fato, em jogo é essencial.
Ah, para os que não são de Florianópolis ou não virão ao evento, ele será transmitido ao vivo pelo site.
Além de tudo isso, haverá também 15 mesas de comunicações na terça e quarta à tarde. Vieram mais de 70 trabalhos de todas as regiões do país, o que comprova a importância e a relevância do evento. A lista com as mesas de comunicações, que foram organizadas tematicamente, está disponível aqui. Quatro delas são dedicadas à Justiça de Transição, que tratarão os fundamentos teóricos das comissões de verdade e memória, que compararão a experiência brasileira com as de outros países, que abordarão a correlação de forças envolvidas na disputa pela anistia (focando o recente caso do PNDH-3), etc. Haverá também uma mesa sobre a persistência da tortura na democracia, uma sobre Literatura e Ditadura, e muitas outras. De minha parte, coordenarei uma mesa chamada "A exceção que se excede na normalidade: restos da ditadura", em que a perniciosa permanência da exceção na democracia será discutida. Falarão na mesa, entre outros, Leonardo D'Ávila, e Victor Cândido, que apresentará um trabalho, que estou ansioso para ouvir, sobre como a Lei do Ficha-Limpa reorganiza "democraticamente" não só um topos legitimador da ditadura, a corrupção, mas também uma prática, o controle da escolha. Todos sabemos que quando se abre a porteira, não dá pra controlar os bois. E a recente proposta de estender o Ficha-Limpa a outras atividades da vida pública dota o trabalho de Victor de mais relevância. Entender o que está, de fato, em jogo é essencial.
Ah, para os que não são de Florianópolis ou não virão ao evento, ele será transmitido ao vivo pelo site.


Gostaria muito de participar, mas a distância é grde demais. Vou acompanhar pela internet e fiz um post "comemorativo" no "Às moscas".